terça-feira, 12 de agosto de 2008

Consciência



Consciência

Aquietar-me a mim, gritar-me aos ouvidos!
Ouço os campos que não tenho, as avenidas doentes
Ouço meus sonhos e rio deles
Ouço meus danos e sou inteira!
Gritam-me as favelas, as calhas furadas
Grita-me a vida imensa de cotovelos inchados
Cega-me o peito à hora brilhante da lua
Gela-me o peito à hora morna do sol.
Aquietar-me a mim grita-me aos ouvidos
Como se meus intentos fossem acústicos
E assim, quedada a medo,
Sorridentes vultos sussurram-me impotência?
...escarnecedores...indolentes.
E tudo gira à volta como o carimbo
De eu mesma a acalcar,
Hora na almofada dos sonhos,
Hora na dureza de cada fato a conformar
ciência.
Sônia C. Prazeres

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Cogitando

                                                          Cogitando


Qual a força da nossa indiferença?
Quanto nos move a dor da carne dilacerada
da criança relegada à pobreza de amor
à ausência de pão...
à miséria das guerras cotidianas?
Qual a força da ostentação e das fardas
fartas de glória e gemidos
fartas de dores por dentro, essas fardas...
noutra espécie de degredo
vê-se monstro e inteiro medo.
Qual a força que empregamos na paz?
Quantos Gandhys, Budas, Mdrs Teresa...
quantos Chicos? Mandelas, quantos?
Quantas mãos arregaçam as mangas para
brigar pelo amor num gesto doce, profundo?
Entre um filme humanitário e o violento,
quantos dos olhos nossos ainda são mais o segundo?
A paz dá sono, entedia...
E ridentes, somos a turba torcendo incerta,
escolhendo, ovacionando as dores alheias-nossas
baixando ainda, o polegar de César.
Sônia C. Prazeres