sábado, 8 de dezembro de 2007

Apelo


Apelo
Para que os sinos toquem nos templos interiores
Para que se perceba os delírios e as dores;

Para que a fome seja somente opção... jejum,
Para que se converta a palavra oca
Em olhares, em versos mudos de atenção.
Para fazer emergir da miséria um grande homem;

Para que mudemos na raiz, em espírito!

Para que não erijam mais palanques
No centro das praças gritantes,
Enquanto ronda a miséria pelas esquinas.

Para que não ponham preço de coca nos nossos infantes

Para que não se vendam mais tenras meninas,
Nosso grito incessante, entoado, levado,
Lavado de amor eterno com ou sem poesias
Cheio de esperança nas rimas amenas...
Para fazer crescer as almas pequenas.

Sônia C. Prazeres

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Luto

Luto

Estou de Luto
Com os olhos inchados
de ver tanto fardo pesado
tanto fato marcando a ferro
tanto dia amargado.
Estou plantada e de luto
De ver crianças perdidas
De ver tantos jovens drogados
Entregues à morte buscando vida
Trilhando caminho trocado.
Estou de peito calado
Por tanta dor, tanta raiva
De ver o humano humilhado
Ajoelhado implorando
Clamando o que é de direito
E o poder desdenhando
...Cruel desrespeito.
Estou de luto diante da miséria
Diante das vitrines...
Cobiças latentes de tantas
Desnecessidades...
Luto diante da mão que me estendem
Do carro que querem olhar
Do menino que rouba a carteira
Do mundo sem eira nem beira
Diante do espelho que grita...
Que cobra...
Diante do próximo passo
Que se desdobra em abrolhos
Onde tão pouco luto...
E se derrama esse luto
Através dos meus olhos.

Sônia C. Prazeres