quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Contador de Histórias


Contador de Histórias
Veio num dia escuro, daqueles que dão tristeza Encontrou inseguros olhares baixados por trás da mesa Nos pratos água e farinha; nem alegria, nem norte. Mas veio falar de vida de mundo modificado Emprestou mil esperanças contando o que tem encontrado. Veio dizendo que viu gente triste acalentada Gente pobre bem cuidada e fome passando longe. Viu crianças sorridentes de brilho no olhar contente Vendendo saúde aos montes e aprendendo de tudo que há; Que viu irrigadas terras onde a seca castigava Que não tinham mais enchentes, que foi terminada a miséria Ninguém mais se maltratava, eles tinham que acreditar. E ali, a platéia muda boquiaberta e estarrecida Mal segurava a saliva que lhe brotava na boca. Gosto doce esse de vida de direitos aproveitados Respeitados pelos homens, não por lei, mas por amor. Dizia o moço que tinham que ter coragem, Que não cansassem da espera porque tudo vinha chegando Ali, na mesma viagem, por meio de que ele viera; O comboio vinha atrás. Contou que correu na frente Trazendo a notícia depressa no afã de vê-los contentes. Platéia de olhares tristonhos que engole a saliva e sonha Sorri agora entre dentes e começa a acreditar; "É que sonho assumido, sonhado com veracidade Alguém falou que de fato acaba virando verdade." E agora os rostos marcados insistem desajeitados, Pedem mais para alimentar, no peito, a chama o calor Aplaudem e quase imploram: -Repete moço, repete! Fala outra vez, contador! Sônia C. Prazeres ©