sexta-feira, 30 de maio de 2008

Autofagia



Autofagia

Cresce a carência
o medo e a descrença;
consumado o fato:
sociedade e aparência.
Não buscamos mais vitrinas
elas são uma presença.
Nas ruas, nas telas, nos telefones.
por tudo se paga
e o preço de tudo – moeda barata
não paga ou apaga a verdade:
o humano escondido
por trás dos sonhos falidos...
... Mas os sonhos não são vendidos.
Não vendem as horas-ternura
e lojas não têm amigos
que zelem na dor e amargura.
A droga assume e acompanha
embriaga e apaixona;
companheira que brinda ilusões.
Cresce uma autofagia
crematório do real acolhendo o imediato.
Humanos, buscamos deuses?
-Religião é ópio do povo!
Ecoa o chavão e intimida.
Melhor o ópio de fato, dependência,
que pôr consciência à vida.
Fumaça, ampola, êxtase!
Humano! Supremacia demais!
Quem é que pediu consciência?
Paga caro a conveniência
em troca de uns gramas de paz.

Sônia C. Prazeres

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